Tomar o famoso “Caldinho do Pedrinho” com o filho era um dos programas preferidos de José Edvaldo da Silva. Nos últimos meses, o neto de dois anos e meio também havia se tornado companhia da dupla. Xodó do Vovô Ed, o garoto queria fazer tudo com o avô.
Pai de três filhos, o jornalista e radialista de 64 anos tinha como maior inspiração a família. Descrito pelos amigos como um homem que colocava a família acima de tudo, ele fez muitos sacrifícios para ver seus três filhos formados. O do meio, Igor da Silva, também é jornalista. Na formatura, em 2008, Edvaldo não escondeu o orgulho que sentia em ver o filho graduado na mesma área que ele escolheu atuar.
Há mais de 40 anos Edvaldo trabalhava com rádio. Entre os colegas era conhecido como “comentarista furão fantástico”, pois quando começou na rádio ele dava muitos furos, conseguia muitas reportagens. De esporte à política, Edvaldo cobria diversos assuntos em seu programa “Nosso Encontro”, na Rádio Sampaio.
Livros de faroeste eram uma das suas grandes paixões, assim como o futebol. Edvaldo era moreno, media 1,70 m, tinha olhos pretos e um cabelo um pouco grisalho.
Ele estava afastado do trabalho havia seis meses, devido a uma cirurgia cardíaca que realizou no segundo semestre de 2019. Edvaldo trabalhava em casa, raramente saía e quando precisava, sempre usava máscara e álcool em gel. A família acredita que o jornalista contraiu a doença devido ao contato com a filha, Iza Eleuza de Castro Silva, que trabalhava em um hospital da cidade de Arapiraca.
A filha mais velha de Edvaldo atuava em um hospital de atendimento a casos da COVID19 e faleceu devido a complicações do vírus em 3 de junho de 2020. Três dias depois, o pai foi diagnosticado com Corona. Ele foi encaminhado para o hospital, no mesmo dia.
Sem grandes complicações até então, ele mantinha conversas com a família através de ligações pelo WhatsApp e vídeos chamadas. O agravamento foi devido ao luto pela morte da filha. Os médicos responsáveis por Edvaldo afirmam que o quadro dele era estável, mas se agravou muito após crises de ansiedade.
Edvaldo não soube processar a perda da filha.
Além de seu legado como um dos jornalistas mais conhecidos de Arapiraca e Palmeira dos Índios, Edvaldo deixou saudades. Saudades para seus ouvintes fiéis, que sempre acompanhavam o programa da rádio. Saudades para os colegas de trabalho e todos os profissionais que viram nele um modelo de integridade a ser seguido. E saudades para a família, que perdeu um marido, pai e avô querido. Para Igor, a benção do pai é o que mais faz falta em sua dia a dia.